sábado, 28 de agosto de 2010

PROBLEMAS NO IPESAÚDE DE ESTÃNCIA PERSISTEM




Drª Carla Rocha, cobrando o prometido pelo presidente do IPES - Foto: Magno de Jesus


Na edição do dia 17 de janeiro deste ano, o JORNAL DA CIDADE veiculou uma matéria sobre os graves problemas enfrentados pelo Instituto de Promoção e de Assistência à Saúde de Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde) no município de Estância, distante 68 quilômetros da capital. A falta de médicos para atender os usuários que se viam obrigados a se deslocar até Aracaju para realizar a consulta e a estrutura do prédio, que oferecia grandes riscos aos frequentadores, eram os principais problemas na época.



Entretanto, após seis meses da primeira denúncia e algumas audiências públicas, o problema ainda persiste. Alguns pacientes atendidos pelo Ipes contam que na última sessão, ocorrida no dia 20 de maio, foi definido pela promotora Carla Rocha Barreto de Almeida que a reforma do prédio deveria iniciar no final do mês de junho, e que até ser concluída algumas clínicas da cidade deveriam ser credenciadas para atender os usuários. No entanto, eles afirmam que apenas uma clínica foi habilitada e que a reforma ainda não começou.



“As clínicas não estão prestando atendimento. A única que está é de péssima qualidade. É uma casa, e pelo que deu para perceber, a administração não tinha noção do que é o IPES, da demanda, da quantidade de usuários. Estão todos perdidos. A clínica não está tendo condições de dar um bom atendimento para nós, porque ela tem os pacientes de clínicas particulares, do SUS e agora os do IPES”, contesta a professora Markilina Débora Nascimento Santos.



Ela conta que no instituto os pacientes só possuem dois médicos para atendê-los. “A clínica geral saiu de licença e até agora não colocaram outra no lugar. Temos um pediatra e um ginecologista, no mais, estamos desprovidos de médicos. Há os dentistas também, mas estes não têm material adequado para trabalhar. Na realidade, falta material, a única coisa que pode ser feita por eles é uma avaliação e a indicação de outro lugar”, reclama.



Markilina afirma que todos os meses são descontados do seu salário um valor equivalente a 13% para o pagamento do Ipesaúde.



Inconformada, ela diz que, mesmo na clínica credenciada, deveria receber um serviço de qualidade por conta disso. “Sexta-feira passada eu tinha uma consulta marcada para as oito da manhã. Fiquei aguardando a médica até o meio dia e ela não compareceu. Hoje eu também tinha outra consulta, mas ao chegar na clínica não pude ser atendida, porque a médica não tinha ido e eles não me avisaram. Semana passada já tinha um usuário do Ipes lá irritado, porque a médica não tinha comparecido e a atendente da clínica teve que ligar para saber quais os motivos dela não estar vindo. Isso é um absurdo”, desabafa.



Segundo a professora, a única forma de receber um atendimento adequado é se deslocar até a capital. “Eles deveriam pensar da seguinte forma: se eu proporcionar uma ambiente agradável, com toda a estrutura que eles necessitam, o tempo gasto para ir ao médico seria menor e eles não perderiam todo o dia para se consultar. Só que na realidade não é assim. Se nós precisarmos fazer algum tipo de tratamento, temos que sair daqui, ir para Aracaju e passar no médico”, diz.



Ela conta ainda que a falta de estrutura no Ipes é antiga e que muitos médicos deixaram de atender no município por causa disso. “Tínhamos médicos bons aqui para nos consultar. Os que ainda trabalham são bons, mas que profissional quer trabalhar sem condições? Falta muita coisa. Material, medicamento. É difícil trabalhar dessa forma”, ressalta.

Insatisfação



A professora Augusta Alves, que trabalha na rede estadual há 11 anos, também está insatisfeita com a carência de profissionais e com a falta de condições do Ipesaúde para suprir a necessidade imediata. “Se você chegar lá agora, vai encontrar apenas duas meninas atendendo.



Médico que é bom nada. Semana passada, levei meu filho ao pediatra porque ele estava com falta de ar. O médico receitou aerosol e quando fui procurar o serviço não tinha medicação, estava em falta. As condições de trabalho dos médicos que ainda atendem são precárias”, reclama.

Segundo a professora, uma colega de profissão sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) há alguns meses, procurou o cardiologista para fazer acompanhamento e não obteve êxito. “A história dela foi inclusive o motivo principal para acontecer a última audiência. Nós participamos da audiência e ficou definido que o problema ia começar a ser solucionado, mas até agora nada”, conta.



Para a professora Augusta, os percalços encontrados para conseguir atendimento na Medlabor (clínica credenciada para atender o Ipes), se dão porque a demanda de pacientes é maior do que o local pode comportar. “O Ipes de Estância atende toda a região centro sul. São oito municípios.



Na audiência foi dito que deveria ser feito um estudo de outras clínicas na região para suprir a

demanda, mas isso também não foi feito até agora. A Medlabor é a única que está atendendo, por isso os problemas. Esses dias a desordem aumentou por causa da implantação de um plano para tentar conter os atendimentos. Está uma loucura e a culpa não é dos médicos, mas da situação a qual eles se encontram”, afirma.



Reforma



De acordo com o morador Fábio Oliveira, mesmo com o auxílio da imprensa, nenhuma providência foi tomada. “Posso dizer isso porque minha mãe é atendida pelo Ipes e sei os transtornos que ela passa. É muito complicado o que acontece com o órgão, uma vez que o problema se arrasta desde o governo de Albano Franco (1995-2002)”, assegura.



Ele conta que o valor para a reforma do prédio não será suficiente para resolver a questão. “A cidade de Estância tem o mesmo porte de Itabaiana. Atende uma demanda tão grande quanto no município do agreste. Enquanto lá foram gastos R$ 230 mil, aqui serão apenas R$ 73 mil para as obras. Não adianta reformar, ele deveria ser ampliado, até porque boa parte dos problemas persistirá após a reforma”, contesta.



Iniciado



De acordo com o Assessor do Ipesaúde, Jason Neto, a reforma do prédio iniciou na última segunda-feira (16). “Todo o prédio será reformado. Colocaremos novas mobílias, compraremos novos equipamentos, tudo para que os usuários sejam atendidos da melhor forma possível e se satisfaçam com os serviços. Só para se ter uma ideia, serão adquiridos aparelhos de ultrassonografia, eletrocardiograma, cadeiras de dentistas, entre outros equipamentos importantes. Será uma clínica completamente nova”, assegura.



Com relação à falta de médicos, o assessor afirma que o que foi preestabelecido em audiência foi cumprido. “Credenciamos clínicas para a realização de consultas. São duas até o momento, uma de fisioterapia e outra para exames e consultas, que é a Medlabor. Para esta, os usuários, inclusive, podem entrar no site do Ipes e marcar as consultas”, informa.



fonte:jornal da cidade.net

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