quinta-feira, 16 de agosto de 2012

CÂMARA PROMOVE SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE JORGE AMADO


                                                    

            Na noite da última quarta-feira, dia 15, após a Sessão Ordinária, a Câmara de Vereadores promoveu Sessão Solene em deferência à passagem do Centenário de Nascimento do Escritor Jorge Amado, que ocorreu no último dia 10 de agosto. O evento foi provocado pelo Vereador José Domingos Machado Soares, o Dominguinhos do PT, através de Requerimento à Mesa Diretiva do Parlamento Municipal. Além de convocar toda a sociedade, o parlamentar convidou para proferir, dentro da solenidade, seminário os palestrantes Professor e Historiador Fernando Sá da Universidade Federal de Sergipe e o Jornalista e Pesquisador Gilfrancisco, sendo que este último não pode comparecer ao ato. O auditório da Câmara teve dimensão para comportar a grande demanda de pretendentes de acesso à homenagem. Alunos de diversas escolas, professores e representantes dos vários segmentos sociais ali estavam presentes e foram brindados com uma profunda e importante exposição verbal sobre um dos mais importantes autores brasileiros e Cidadão Estanciano cujo legado em suas passagens por nossa cidade é imensurável e contagiou suas obras de personagens inspirados em nosso gentio e nos amigos que aqui fez em profusão. Presidida e aberta pelo próprio Vereador Dominguinhos a Sessão contou também com breve discurso da Professora Celina Nascimento, filha do saudoso livreiro e intelectual João Nascimento Filho, um dos amigos mais referenciais de Jorge Amado em Estância. Foram convocados para compor a mesa o Vereador Artur do PT, o Senhor Bahia, representando os bacharéis e advogados locais, a Professora Cordélia Nascimento, o compositor João Sérgio, o estudante de Medicina em Cuba, Herman Hoffman, o presidente da CUT em Sergipe, Professor Dudu e a militante social Marisa Barros, representante da Deputada Ana Lúcia (que deu total apoio ao evento, mas não pode comparecer), além das outras pessoa já citadas nesta matéria. Jorge Leal Amado de Faria ( Itabuna, 10 de agosto de 1912 – Salvador, 06 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Ele é o mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus dois maridos e tenda dos milagres . A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos por 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em fitas gravadas para cegos. Amado foi superado, em numero de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo – o romance ficcional – não há paralelo no Brasil. Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios: Premio Lênin da Paz( Moscou, 1951) Prêmio da Latinidade( Paris, 1971 ); Premio do Instituto Ítalo Latino Americano (Roma, 1976) Prêmio Risit d’ Aur (Udine, Ítalia, 1984); Prémio Moinho, Ítalia (1984). Premio Dimitrof de Literatura, Sofia – Bulgária ( 1986); Prêmio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Premio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone Del Duca ( 1990); e Prêmio Camoes (1995). No Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro( 1959); Prêmio Graça Aranha (1959) Prêmio Paula Brito(1959); Prêmio Jaboti ( 1959 e 1955) Prêmio Luiza Claudio de Sousa, do Pen Club do Brasil( 1959); Prêmio de Carmem Dolores Barbosa ( 1959); Trofeu internacional do Ano (1970) Prêmio: Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Premio Nestlé de Literatura, São Paulo( 1982); Prêmio Brasilia da Literatura – Conjunto de obras (1982); Premio Moinho Santista de Literatura ( 1984); Prêmio BNB de literatura (1985). Filho de pais sergipanos oriundos da nossa região, Jorge Amado teve intensa relação histórica e afetiva com a nossa cidade. Para registrar a edição do livro estanciano Rui Nascimento sobre Jorge Amado, o pesquisado e jornalista Luiz Antônio Barreto contou com a seguinte: ‘’ Uma das faces da ditadura de Getulio Vargas foi a perseguição ao Partido Comunista e aos seus integrantes. Jorge Amado, jovem romancista, lançado ao publico leitor com um dos integrantes do grupo de ficcionistas nordestinos – José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos- nutria simpatias de jovem libertário, com o PCB e amargou constrangimentos, que redundaram na sua presença em Estância, terra dos seus familiares sergipanos. ‘’ Jorge Amado, nascido no interior baiano, manteve integras suas raízes sergipanas e sempre que podia, o que precisava, voltava a Sergipe( veio uma vez, ainda bem jovem, aos 12 anos, a Itaporanga, onde moravam os seus ávos, e duas vezes a Estancia, nos anos 1930, demorando-se em ambas) e parecia tomar o trago das coisas locais, embriagando-se da sergipinidade,tantas vezes incorparada, depois em suas obras, através de personagens imortalizados com seus nomes próprios ou disfarçados com outros nomes. Para Fugir da escola, o vetusto Colégio Antônio Vieira, dos jesuítas, em Salvador, ou para escapar do patrulhamento dos serviços de informações durante o período de Vargas, Jorge Amado buscou em Sergipe o asilo tranquilo, fazendo amizades, participando de uma das fases mais criativas do jornalismo sergipano, quando em cada redação dos jornais estavam poetas, críticos, cronistas, escritores de ficção, como OmmerMont’ Alegre, Adrolaldo Campos, Gonçalo Rolemberg Leite, Luiz Garcia, Carlos Garcia, João Passos Cabral, Mario Cabral, dentre muitos outros que ilustravam a vida local com seus escritos atualizados. Fo nesse período que o romance nordestino ganhou espaço, num desfile de títulos e autores, que davam ao Brasil um sotaque regional e uma temática interiorana, antes incomum,’’ ‘’ Jorge Amado manifestou-se, em artigos e conferencias, fazendo coro com os críticos que escreviam nos jornais de Aracaju, na difusão da literatura nacional, quando ele próprio já havia conquistado prestigio e reconhecimento com seus primeiros romances.’’ ‘’ Em Estância Jorge Amado viveu capítulos singulares de sua vida, que jamais esqueceu. O seu coração batia no ritmo estanciano do casario colonial, do Hotel Vitória, da Papelaria Modelo, da sociedade Monsenhor Silveira, e deixou, em cada um dos amigos e conhecidos, uma imagem amiga, doce, irreverente algumas vezes, mas sempre acomodada no bucolismo da paisagem ‘’ burgo tranquilo e belo, cercado por dois rios piscosos’’, antes de ser tocado pela magiar do mar: ‘’ O oceano falou comigo, e nunca mais fui o mesmo’’. ‘’ O estanciano Rui Lima do Nascimento era um garoto e teve, pela condição de Filho de João Nascimento Filho, um livreiro, jornalista e poeta estanciano, proprietário da Papelaria Modelo, impressões que soube guardar dos fatos e aventuras de Jorge Amado em sua terra. Não apenas guardou, mas cultivou um sentimento quase familiar, ampliado por um conjunto de relações sociais próximas, em torno do romancista. Alimentou, contudo, a ideia de um dia reunir em livro tudo o que sabia, tanto pelo testemunho presencial, como pelo que ouviu dizer de outras pessoas, ou, ainda pelo que sobrou de registro escrito iconográfico, e das lembranças, embrulhadas de ternura, daquele tempo. Rui Nascimento encontrou, ao longo da vida, muitas vezes com Jorge Amado e sempre prometeu que tinha um plano, para fazer um livro sobre a efervescência da Estancia, no tempo de Jorge Amado. Acaba de cumprir, com especial competência, publicando o livro de Jorge Amado – uma cortina que se abre ( Salvador: Casa de Palavras, 2007) . O seu livro que abre o báu de velhos guardados, escancarando um cenário povoado, literariamente, por um mestre e seus parceiros, como se houvesse entre eles uma partitura de um conserto a ser tocado, no cotidiano daquela comunidade, que misturava médicos, funcionários públicos, graduados, homens de justiça, comerciantes, operários de duas fabricas e de tecidos. ‘’Com seu livro, Rui Nascimento recupera uma década, praticamente, da vida cultura sergipana e acresce á biografia conhecida de Jorge Amado uma parte que permaneceu encoberta.’’ (Com informações do Professor Miguel Viana)

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