Na noite da última quarta-feira, dia
15, após a Sessão Ordinária, a Câmara de Vereadores promoveu Sessão Solene em
deferência à passagem do Centenário de Nascimento do Escritor Jorge Amado, que
ocorreu no último dia 10 de agosto. O evento foi provocado pelo Vereador José
Domingos Machado Soares, o Dominguinhos do PT, através de Requerimento à Mesa
Diretiva do Parlamento Municipal. Além de convocar toda a sociedade, o
parlamentar convidou para proferir, dentro da solenidade, seminário os
palestrantes Professor e Historiador Fernando Sá da Universidade Federal de
Sergipe e o Jornalista e Pesquisador Gilfrancisco, sendo que este último não
pode comparecer ao ato. O auditório da Câmara teve dimensão para comportar a
grande demanda de pretendentes de acesso à homenagem. Alunos de diversas
escolas, professores e representantes dos vários segmentos sociais ali estavam
presentes e foram brindados com uma profunda e importante exposição verbal
sobre um dos mais importantes autores brasileiros e Cidadão Estanciano cujo
legado em suas passagens por nossa cidade é imensurável e contagiou suas obras
de personagens inspirados em nosso gentio e nos amigos que aqui fez em
profusão. Presidida e aberta pelo próprio Vereador Dominguinhos a Sessão contou
também com breve discurso da Professora Celina Nascimento, filha do saudoso
livreiro e intelectual João Nascimento Filho, um dos amigos mais referenciais
de Jorge Amado em Estância. Foram convocados para compor a mesa o Vereador
Artur do PT, o Senhor Bahia, representando os bacharéis e advogados locais, a
Professora Cordélia Nascimento, o compositor João Sérgio, o estudante de
Medicina em Cuba, Herman Hoffman, o presidente da CUT em Sergipe, Professor
Dudu e a militante social Marisa Barros, representante da Deputada Ana Lúcia (que
deu total apoio ao evento, mas não pode comparecer), além das outras pessoa já
citadas nesta matéria. Jorge Leal Amado de Faria ( Itabuna, 10 de agosto de
1912 – Salvador, 06 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos
escritores brasileiros de todos os tempos. Ele é o mais adaptado da televisão
brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e
Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor
e Seus dois maridos e tenda dos milagres . A obra literária de Jorge Amado
conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido
tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos por 55
países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em fitas
gravadas para cegos. Amado foi superado, em numero de vendas, apenas por Paulo
Coelho mas, em seu estilo – o romance ficcional – não há paralelo no Brasil.
Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios: Premio Lênin da Paz( Moscou, 1951)
Prêmio da Latinidade( Paris, 1971 ); Premio do Instituto Ítalo Latino Americano
(Roma, 1976) Prêmio Risit d’ Aur (Udine, Ítalia, 1984); Prémio Moinho, Ítalia
(1984). Premio Dimitrof de Literatura, Sofia – Bulgária ( 1986); Prêmio Pablo
Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Premio Mundial Cino
Del Duca da Fundação Simone Del Duca ( 1990); e Prêmio Camoes (1995). No
Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro( 1959);
Prêmio Graça Aranha (1959) Prêmio Paula Brito(1959); Prêmio Jaboti ( 1959 e
1955) Prêmio Luiza Claudio de Sousa, do Pen Club do Brasil( 1959); Prêmio de
Carmem Dolores Barbosa ( 1959); Trofeu internacional do Ano (1970) Prêmio:
Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Premio Nestlé de Literatura, São
Paulo( 1982); Prêmio Brasilia da Literatura – Conjunto de obras (1982); Premio
Moinho Santista de Literatura ( 1984); Prêmio BNB de literatura (1985). Filho
de pais sergipanos oriundos da nossa região, Jorge Amado teve intensa relação
histórica e afetiva com a nossa cidade. Para registrar a edição do livro
estanciano Rui Nascimento sobre Jorge Amado, o pesquisado e jornalista Luiz
Antônio Barreto contou com a seguinte: ‘’ Uma das faces da ditadura de Getulio
Vargas foi a perseguição ao Partido Comunista e aos seus integrantes. Jorge
Amado, jovem romancista, lançado ao publico leitor com um dos integrantes do
grupo de ficcionistas nordestinos – José Américo de Almeida, José Lins do Rego,
Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos- nutria simpatias de jovem libertário, com
o PCB e amargou constrangimentos, que redundaram na sua presença em Estância,
terra dos seus familiares sergipanos. ‘’ Jorge Amado, nascido no interior
baiano, manteve integras suas raízes sergipanas e sempre que podia, o que
precisava, voltava a Sergipe( veio uma vez, ainda bem jovem, aos 12 anos, a
Itaporanga, onde moravam os seus ávos, e duas vezes a Estancia, nos anos 1930,
demorando-se em ambas) e parecia tomar o trago das coisas locais,
embriagando-se da sergipinidade,tantas vezes incorparada, depois em suas obras,
através de personagens imortalizados com seus nomes próprios ou disfarçados com
outros nomes. Para Fugir da escola, o vetusto Colégio Antônio Vieira, dos
jesuítas, em Salvador, ou para escapar do patrulhamento dos serviços de
informações durante o período de Vargas, Jorge Amado buscou em Sergipe o asilo
tranquilo, fazendo amizades, participando de uma das fases mais criativas do
jornalismo sergipano, quando em cada redação dos jornais estavam poetas,
críticos, cronistas, escritores de ficção, como OmmerMont’ Alegre, Adrolaldo
Campos, Gonçalo Rolemberg Leite, Luiz Garcia, Carlos Garcia, João Passos
Cabral, Mario Cabral, dentre muitos outros que ilustravam a vida local com seus
escritos atualizados. Fo nesse período que o romance nordestino ganhou espaço, num
desfile de títulos e autores, que davam ao Brasil um sotaque regional e uma
temática interiorana, antes incomum,’’ ‘’ Jorge Amado manifestou-se, em artigos
e conferencias, fazendo coro com os críticos que escreviam nos jornais de
Aracaju, na difusão da literatura nacional, quando ele próprio já havia
conquistado prestigio e reconhecimento com seus primeiros romances.’’ ‘’ Em
Estância Jorge Amado viveu capítulos singulares de sua vida, que jamais
esqueceu. O seu coração batia no ritmo estanciano do casario colonial, do Hotel
Vitória, da Papelaria Modelo, da sociedade Monsenhor Silveira, e deixou, em
cada um dos amigos e conhecidos, uma imagem amiga, doce, irreverente algumas
vezes, mas sempre acomodada no bucolismo da paisagem ‘’ burgo tranquilo e belo,
cercado por dois rios piscosos’’, antes de ser tocado pela magiar do mar: ‘’ O
oceano falou comigo, e nunca mais fui o mesmo’’. ‘’ O estanciano Rui Lima do
Nascimento era um garoto e teve, pela condição de Filho de João Nascimento
Filho, um livreiro, jornalista e poeta estanciano, proprietário da Papelaria
Modelo, impressões que soube guardar dos fatos e aventuras de Jorge Amado em
sua terra. Não apenas guardou, mas cultivou um sentimento quase familiar,
ampliado por um conjunto de relações sociais próximas, em torno do romancista.
Alimentou, contudo, a ideia de um dia reunir em livro tudo o que sabia, tanto
pelo testemunho presencial, como pelo que ouviu dizer de outras pessoas, ou,
ainda pelo que sobrou de registro escrito iconográfico, e das lembranças, embrulhadas
de ternura, daquele tempo. Rui Nascimento encontrou, ao longo da vida, muitas
vezes com Jorge Amado e sempre prometeu que tinha um plano, para fazer um livro
sobre a efervescência da Estancia, no tempo de Jorge Amado. Acaba de cumprir,
com especial competência, publicando o livro de Jorge Amado – uma cortina que
se abre ( Salvador: Casa de Palavras, 2007) . O seu livro que abre o báu de
velhos guardados, escancarando um cenário povoado, literariamente, por um
mestre e seus parceiros, como se houvesse entre eles uma partitura de um
conserto a ser tocado, no cotidiano daquela comunidade, que misturava médicos,
funcionários públicos, graduados, homens de justiça, comerciantes, operários de
duas fabricas e de tecidos. ‘’Com seu livro, Rui Nascimento recupera uma
década, praticamente, da vida cultura sergipana e acresce á biografia conhecida
de Jorge Amado uma parte que permaneceu encoberta.’’ (Com
informações do Professor Miguel Viana)

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