quarta-feira, 9 de maio de 2012

DE QUAL QUALIDADE FALAMOS?


*Leila Angélica Oliveira Moraes de Andrade

Para começo de conversa quero deixar bem explícito que a minha intenção é fazê-lo refletir e não trazer uma ideia pronta e acabada a respeito do tema desenvolvido. Assim escreverei a respeito da educação de um ângulo bem pessoal e que caberá a você leitor construir ou destruir conceitos.

Escrever, falar ou discutir educação envolve, antes de qualquer outra coisa, concepção ideológica, ou seja, a partir de qual referencial teórico empregado a prática se concebe a visão do mundo em que se vive. Não vou citar em todo o texto qualquer teórico dessa ou daquela vertente, mas na medida em que o artigo for lido você será capaz de perceber minha compreensão de mundo.

Diferenciar ensino de educação é primordial para que sejamos capazes de nos indagar a respeito da qualidade que desejamos. É preciso entender que ao falarmos de ensino estamos nos referindo a organização, a sistematização de atividades e práticas didáticas para auxiliar a compreensão do educando em áreas específicas do conhecimento. Ou seja, o ensino de qualidade esta inserido na educação de qualidade, mas esta não se restringe aquele.

O ensino de qualidade envolve muito recurso financeiro (contemplado nos diversos programas nacionais e alvo do interesse de grupos empresariais) e por isso em muitas ocasiões é confundido com a própria educação de qualidade que na Lei de Diretrizes e Bases – LDB – Lei 9394/96 esta assegurada no Inciso IX do artigo 3º do Título II (Dos princípios e fins da Educação Nacional) com a garantia do padrão de qualidade.

Uma educação de qualidade envolve desde o ensino de qualidade até a formação crítica, reflexiva, ética e integrante do conteúdo à prática. Por isso não podemos nos limitar a pensar em uma qualidade apenas materialista do ensino, que é necessária, porém é uma engrenagem no processo da formação para a cidadania. Compreendendo o cidadão não sob a ótica burguesa do contribuinte pagador de impostos, mas cidadão na sua plena participação e efetiva igualdade jurídica .

Por assim dizer, definir uma educação com padrão de qualidade burguês não é o objetivo desse artigo e sim desmitificar tal predicado que se apresenta sob a forma de gerencialismo da educação com um perfil empresarial e cínico de com o recurso público dar lucro a institutos privados na condução de um cidadão inoperante e conformado sem domínio crítico de suas ações.

A atual conjuntura nos remete a pensar sobre que condição falamos ao defender um padrão de qualidade na educação. A qualidade burguesa excludente, empresarial e diferenciadora de classes ou uma qualidade pensada pela e para a classe trabalhadora, que envolve participação, mobilização, valores como fraternidade, solidariedade e respeito ao próximo? Refletir é preciso.

(*) Pofessora da rede pública



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