*Leila Angélica Oliveira Moraes de Andrade
Para começo de conversa quero deixar bem explícito que a minha intenção
é fazê-lo refletir e não trazer uma ideia pronta e acabada a respeito do tema
desenvolvido. Assim escreverei a respeito da educação de um ângulo bem pessoal
e que caberá a você leitor construir ou destruir conceitos.
Escrever, falar ou discutir educação envolve, antes de qualquer outra
coisa, concepção ideológica, ou seja, a partir de qual referencial teórico
empregado a prática se concebe a visão do mundo em que se vive. Não vou citar
em todo o texto qualquer teórico dessa ou daquela vertente, mas na medida em
que o artigo for lido você será capaz de perceber minha compreensão de mundo.
Diferenciar ensino de educação é primordial para que sejamos capazes de
nos indagar a respeito da qualidade que desejamos. É preciso entender que ao
falarmos de ensino estamos nos referindo a organização, a sistematização de
atividades e práticas didáticas para auxiliar a compreensão do educando em
áreas específicas do conhecimento. Ou seja, o ensino de qualidade esta inserido
na educação de qualidade, mas esta não se restringe aquele.
O ensino de qualidade envolve muito recurso financeiro (contemplado nos
diversos programas nacionais e alvo do interesse de grupos empresariais) e por
isso em muitas ocasiões é confundido com a própria educação de qualidade que na
Lei de Diretrizes e Bases – LDB – Lei 9394/96 esta assegurada no Inciso IX do
artigo 3º do Título II (Dos princípios e fins da Educação Nacional) com a garantia
do padrão de qualidade.
Uma educação de qualidade envolve desde o ensino de qualidade até a
formação crítica, reflexiva, ética e integrante do conteúdo à prática. Por isso
não podemos nos limitar a pensar em uma qualidade apenas materialista do
ensino, que é necessária, porém é uma engrenagem no processo da formação para a
cidadania. Compreendendo o cidadão não sob a ótica burguesa do contribuinte
pagador de impostos, mas cidadão na sua plena participação e efetiva igualdade
jurídica .
Por assim dizer, definir uma educação com padrão de qualidade burguês
não é o objetivo desse artigo e sim desmitificar tal predicado que se apresenta
sob a forma de gerencialismo da educação com um perfil empresarial e cínico de
com o recurso público dar lucro a institutos privados na condução de um cidadão
inoperante e conformado sem domínio crítico de suas ações.
A atual conjuntura nos remete a pensar sobre que condição falamos ao
defender um padrão de qualidade na educação. A qualidade burguesa excludente,
empresarial e diferenciadora de classes ou uma qualidade pensada pela e para a
classe trabalhadora, que envolve participação, mobilização, valores como
fraternidade, solidariedade e respeito ao próximo? Refletir é preciso.
(*) Pofessora da rede pública
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