sábado, 31 de julho de 2010

CONSELHEIRA TUTELAR DIZ QUE O ECA PRECISA VENCER A DISTÂNCIA ENTRE A LEI E O DIREITO




Conselheira Tutelar de Estância, Marisa Barros - Foto: Divulgação


20 anos de ECA, uma conquista que precisa vencer a distância plena entre a lei e o efetivo direito



Marisa Barros (*)

Muito se fala sobre criança e adolescente, mas pouco se faz efetivamente na direção de implementação de políticas e programas que realmente atendam suas necessidades prementes e atinjam em transformação a seu favor a realidade existente. E poucos se preocupam verdadeiramente com o que pensam, sentem, querem ou sonham estes sujeitos que deveriam estar em preparação sadia para os desafios da história em processo...

O Brasil há mais de vinte anos ainda vivia sob o manto sangrento da ditadura militar e o povo ocupava as ruas pela democracia com o objetivo de alcançar as eleições diretas na necessidade de uma nova Constituição Federal, construindo, assim, uma verdadeira “revolução” política.

Naquela época os grupos de extermínio eram evidentes e eliminavam meninos e meninas pobres impunemente. O massacre era escandaloso. A justificativa era defender o patrimônio dos comerciantes. Assim, meninos pobres eram considerados ameaça pública. A lei então em vigor, O Código de Menores, baseava-se na doutrina da situação irregular, responsabilizava a própria criança ou adolescente pelo abandono em que se encontravam. Permitia o simples recolhimento dos que estivessem "perambulando" nas ruas, atribuindo a eles a responsabilidade pela situação em que se achavam. Portanto, a lei tinha destinatários específicos que eram os pobres, evidentemente, a maioria era negra. E, dessa maneira, os já punidos pelo destino tinham um Código para castigá-los mais ainda. E o mais grave: de forma institucional clara, objetiva, selada em legislação armada de elementos perniciosos!

Vindos os tempos de chumbo, nascia, em parto feito por tantas mãos e olhares, uma das leis mais bem fundamentadas do Brasil que resultou no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA. E é importante frisar que ela foi construída e elaborada pela sociedade civil, sem esquecer que a sua elaboração efetiva teve também a participação das próprias crianças e adolescentes, sendo concebido num contexto de uma nova forma de ver, considerar e governar crianças e adolescentes. Trouxe-nos na sua transformação em ato legal a idéia inédita de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos em situação peculiar de desenvolvimento, sendo, portanto, prioridade na elaboração de políticas públicas.

O ECA no seu art. 4º explicita a importância da destinação privilegiada de recursos para a realização das políticas garantidoras de direitos, trazendo ainda a perspectiva de descentralização do poder fortalecendo a cultura democrática, ainda frágil à época, de participação da sociedade nos Conselhos Tutelares e nos Conselhos de Direitos,instâncias locais zeladoras de direitos, garantia maior de distribuição do poder.

A nova lei deixa de punir crianças pobres para ser um instrumento que defende os direitos normatizados de todas. A partir de então, se há uma criança vivendo nas ruas, sabe-se que falharam o Estado, a sociedade e a sua família simultaneamente.

O Brasil comemora 20 anos do ECA, que é uma referência histórica que exigiu uma nova cultura política, uma ampla revisão na forma de elaborar as políticas públicas que deveriam passar a ser concebidas à luz deste conjunto de idéias.

As mudanças foram muitas, no entanto, soam ainda como um ensaio geral, para uma mudança mais importante. A realização plena dos direitos não permite brechas entre uma política e outra, entre um direito e outro. Quando a política pública não é universalizada, não chega a todos, e quando o conjunto das políticas é fragmentado não se efetiva a Proteção Integral que significa todos os direitos para todas as pessoas, o tempo todo, em qualquer lugar.

Apesar de 20 anos, ainda existe uma distância enorme entre o que está escrito na lei e o acesso ao direito. As populações mais jovens ainda carregam o pesado fardo da culpa pela precária situação em que se encontram. A sociedade conservadora não mudou e insiste em atribuir a elas a responsabilização, seja pela própria ‘desocupação’, ou pela violência urbana. Neste cenário as pessoas ainda são tratadas conforme a cor da pele e sua classe. É importante compreender que, assim como os direitos são interdependentes e a realização de um implica na realização de outros, quando há uma violação de direitos, ocorre também uma série de violações subseqüentes.

Alguns usam todos os meios para tentar convencer que o ECA é uma lei inadequada. Há interesses diversos por trás deste esforço. Certamente não são os mesmos que defendem uma sociedade mais justa, mas sim os daqueles, por exemplo, que ficaram ricos à custa da exploração do trabalho de crianças, Ressalte-se que na mesma direção vão os que querem ver reduzida a idade penal pois, em verdade, não pensam na prevenção da violência, mas na ‘limpeza urbana’.

Falar de cidadania das populações mais jovens é um enorme desafio em uma sociedade de maioria conservadora em que os direitos de muitos são preteridos em nome dos privilégios de pouquíssimos. Dessa forma, mesmo com uma idade mais madura, a lei ainda custa a se efetivar na íntegra para todas as crianças e adolescentes do país. A sociedade desigual promove diferentes acessos ao direito que é universal. As mudanças acontecem aos poucos e dependem de muitos fatores, como trabalho digno para as famílias, educação de qualidade, esporte, cultura, formação profissional, moradia decente e lazer na própria comunidade; mas, sobretudo, de concepção política e gestão pública ética e competente.

É importante e necessário reconhecer os avanços, que não foram poucos, entretanto, é preciso atenção redobrada para defender a lei que vive ameaçada por aqueles que ainda não entendem e permitem a violência contra crianças e adolescentes. Desta forma, conclamamos a sociedade em geral para ter um olhar diferenciado para nossa infância e juventude, pois, como bem disse Betinho (Herbert de Sousa): “No dia em que olharmos paras as crianças pobres com o mesmo olhar que temos para os nossos filhos ai, sim, começará a mudança”.

* Marisa Barros – Conselheira Tutelar em Estância, Vice – presidente do Fórum Associativo de Conselhos Tutelares do Sergipe, representante do Estado de Sergipe no Fórum Nacional de Conselhos Tutelares (FCNCT).




quinta-feira, 29 de julho de 2010

DEPUTADOS APOIAM LUTA DE PROFESSORES




Os deputados estiveram na cidade, onde os educadores estão em greve, por tempo indeterminado,


por valorização profissional e melhores condições para a educação pública


O deputado federal Iran Barbosa (PT-SE) e a deputada estadual Ana Lúcia (PT-SE) estiveram, nesta quinta-feira (29/7), mais uma vez, em Estância, para apoiar a luta do magistério público.


Iran e Ana Lúcia solicitaram ao prefeito Ivan Leite (PSDB) uma reunião, o mais rápido possível, para resolver os graves problemas do magistério e da educação pública na cidade.


Os professores da Rede Municipal de Ensino de Estância estão em greve, desde a última segunda-feira (26/7), por melhores condições de trabalho, na carreira e valorização profissional.


O prefeito Ivan Leite (PSDB) não paga o piso salarial ao magistério como deve e retirou direitos assegurados à categoria, embora Estância seja uma das cidades de maior receita do Estado.


Segundo a coordenadora da Sub-Sede da região Sul do Sintese, Professora Ivônia, os educadores lutam, também, por melhoria na estrutura e segurança das escolas e na qualidade da educação pública.


“As escolas estão sucateadas. Tem aluno comendo a merenda no chão”, disse o vereador Dominguinhos do PT.


Para o deputado federal Iran Barbosa, as péssimas condições das escolas e a falta de valorização do magistério são os principais fatores para os baixos índices obtidos no Ideb pelo Estado de Sergipe.


O deputado lembrou que o município recebe uma das maiores receitas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no Estado e a maior da sua região. “Em contrapartida paga um dos piores salários aos seus professores, o que é absurdo”, afirmou.


A deputada Ana Lúcia considerou que é inaceitável as escolas estarem em péssimas condições. Ela defendeu melhor estrutura física, material e valorização do magistério.


Iran e Ana Lúcia esperam ser recebidos em breve pelo prefeito e que ele resolva os graves problemas na educação. Os educadores tem assembleia marcada para a próxima terça-feira, 3 de agosto.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

PROFESSORES ACAMPAM FRENTE A PREFEITURA MUNICIPAL

Os professores da rede municipal de Estância, decidiro em plenária realizada na tarde de terca-feira (27), que a partir do pròxima quinta-feira(29), irão montar acampamento em frente ao prédio da prefeitura, com maneira de protestar pela falta de atençao do prefeito Ivan Leite.

Na quinta-feira, a partir das 9 horas tera um ato em frente a prefeitura e os professores deverão permanecer no local por dois dias, iclusive dormindo no local na sexta-feira tera exibição do filme Carregadores de Sonhos



sábado, 24 de julho de 2010

A PACIÊNCIA ACABOU: AGORA É GREVE GERAL

Caros pais e alunos. Comunicamos que os professores da red municipal de Estância decidiram em assembleia realizada no dia 16 de julho entrar em greve por tempo indeterminado, por não suportar mais o descaso da administração Ivan Leite com a educação.


Desde a posse do prefeito ainda no primeiro mandato em janeiro de 2005, os professores têm acumulado enormes prejuízos.




  1. Tivemos os salários cortados. Mais o prefeito continua com o dele (R$ 15.250,00) e manteve nos mesmos valores o dos secretários;


  2. A jornada de trabalho foi aumentada;


  3. Acabou com a regência de classe que simbolizava 50% dos salários;


  4. Reduziu o percentual da titulação e mesmo assim nunca pagou;


  5. Reduziu o percentual dos interníveis (desconsiderando a formação acadêmica dos professores);


Além deste ataque devastador aos salários. muitas escolas estão em estado deplorável, provocando inclusive a indignação dos pais que foram ao Ministério Público pedir proviências.


A merenda escolar é insuficiente e as crianças em muitas escolas comem sentadas no chão;


Em algumas linhas os ônibus escolares, mais se parecem com latas de sardinhas, por conta da superlotação;


Nada disso se justifica, uma vez que a Prefeitura de Estância está entre os três municípios com maior receita (incluindo Aracaju), mas, no entanto paga um dos piores salários de Sergipe, perdendo, por exemplo, para Santa Luzia, Indiaroba, Umbaúba, Arauá, Cristinápolis, Itabaianinha e Tomar do Geru (Professor nível superior 200 horas).


Ressaltamos que tentamos por diversas vezes negociar a devolução dos direitos retirados pelo Prefeito Ivan Leite, sem sucesso, por isso a paciência da categoria acabou e a greve foi inevitável.


Neste sentido solicitamos mais uma vez o importante apoio dos senhores pais e alunos para que possamos reconquistar os nossos direitos, e melhorar as condições das escolas que mais se parecem depósitos de alunos.


terça-feira, 13 de julho de 2010

OS HEROIS DA RESISTENCIA

Desde o inicio do mandato do prefeito Ivan Leite de Estância que os professores vem perdendo seu poder aquisitivo. No primeiro mandato os educadores tiveram um corte de salário de até 40% além de um plano de cargos e salários batizado de plano da Morte. No início do segundo mandato mais um golpe com o corte da regência de classe, que é uma vantagem que faz separa os professores que trabalham diretamente em sala de aula dos demais, como os técnicos pedagogos. Lamentamos também que as escolas do município, se encontram aos pedaços.
Por isso muitas manifestações cobrando melhorias foram feitas na cidade de forma periódica. Atualmente os educadores estão em paralisação a semana inteira de 12/07 a 16/07 deste ano de 2010. Diante de tanta crueldade do Governo Ivan Leite, os professores de Estância poderiam ser chamados de Heróis da Resistência.

ASSEMBLÉIA DOS PROFESSORES DE ESTÂNCIA DIA 16 DE JULHO DE 2010 NA CÂMARA DE VEREADORES ÁS 08:00 HORAS.